Os últimos meses têm sido de “loucura climatológica” no Paraná, com calor acima do esperado desde 2015 e o frio chegando mais cedo do que de costume em 2016. Para a saúde, os reflexos dessa atipicidade foram devastadores. Os casos de dengue, por exemplo, registraram alta de 58,04% no ano epidemiológico iniciado em agosto do ano passado e encerrado em julho último. Os de gripe tiveram alta ainda mais expressiva, de 369,6%, enquanto os casos de caxumba aumentaram em 59,11%.

Segundo os dados da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), durante todo o ano de 2015 o Paraná registrou 230 casos de Síndromes Gripais Agudas Graves (SRAG) por Influenza, com 26 óbitos. Em 2016, haviam sido até a semana passada 1.080 casos de SRAG por Influenza e 216 mortes (alta de 730,8%). 
Já com relação à dengue, saltou de 35.443 casos confirmados e 24 óbitos no ano epidemiológico 2014/2015 para 56.351 pacientes infectados e 61 mortes (+154,2%) até ontem. Por fim, os casos de caxumba em Curitiba, em 31 semanas deste ano, chegaram a 1.074 casos, ao passo que durante todo o ano passado haviam sido 675 (em 52 semanas).
No caso da gripe, a grande mudança, segundo explica Renato Lopes, chefe da Divisão de Vigilância de Doenças Transmissíveis da Secretaria de Estado da Saúde, foi na circulação do vírus. Em 2015 circulou mais os vírus da H3 sazonal e da Influenza B. Neste ano, porém, está prevalecendo o H1N1, com 1.003 casos e 195 mortes contra 38 casos e quatro óbitos em 2015.


“Este está sendo um ano atípico. Esperávamos o frio para a segunda quinzena de abril e tivemos já o primeiro caso no começo de março, inclusive com óbito, porque já iniciou em fevereiro em São Paulo e foi se espalhando. Como o Paraná faz divisa, foi dos primeiros estados afetados”, explica Lopes. 
“Foram dois anos praticamente sem casos de H1N1. Muita gente deixou de se vacinar, ficou tranquilo, e aí forma um bolsão de suscetíveis. A vacina não tem validade por muito tempo, tem de fazer todo ano”, complementa.
Raul Bely, coordenador da Sala Estadual de Situação da Dengue, também destaca a questão climática como preponderante para a expressiva alta nos casos de dengue. Em torno de 307 municípios estavam na condição de infestados com Aedes aegypti até a semana passada. 
“Realmente, quando olhamos para esse período (2015-2016), tivemos um número bem expressivo de casos. Nós tivemos um verão atípico neste ano e um inverno atípico no ano passado, muito mais para quente do que para frio. O Laboclima, que monitora o risco climático, apontou que na maior parte do tempo o clima esteve favorável para a proliferação do mosquito nesse período. Então esse número de casos tem todo esse contexto”, aponta o especialista.
No caso da caxumba, ela tem relação também com o clima. Com o frio, as aglomerações ficam mais comuns e a transmissão também.

Fonte: Bem Paraná, 10 de agosto de 2016.