Cada paranaense deve gastar R$ 976,88 com vestuário este ano. O gasto per capita está bem acima da média nacional, de R$ 810,84, e também é maior que a intenção de compra na Região Sul, maior consumidora do País com R$ 941,67 por pessoa. As classes B e C, que representam mais de 85% da população no Estado, são responsáveis por 81,9% do potencial de consumo. Só essas duas faixas devem gastar R$ 7,5 milhões este ano. As estimativas são da Pyxis Consumo, ferramenta de dimensionamento de mercado do Ibope Inteligência.
No total, o gasto com roupas femininas, masculinas e infantis deve alcançar R$ 9,2 milhões no Paraná e R$ 138 bilhões no País. Para a diretora de geonegócios do Ibope Inteligência, Márcia Sola, embora o consumo com vestuário tenha crescido bastante nos últimos anos (cerca de 3% de 2012 para 2013), a indústria brasileira ainda é relativamente pequena se comparada a outros países.
"Ao comparar o mercado de vestuário dos Estados Unidos com o consumo brasileiro é possível perceber que o gasto dos brasileiros ainda é muito baixo, pois o consumo per capita do norte-americano é quase duas vezes maior que o nosso", afirma. Na opinião de Márcia, a ascensão econômica de brasileiros para a classe C vem sendo aproveitada pelo varejo, no entanto, essa faixa social ainda não é a principal consumidora.
"Muitas redes mudaram sua abordagem e adotaram novas estratégias para atender à nova demanda, mas considerando de um modo geral os grupos de produtos monitorados pelo Pyxis, atualmente a classe B é que mais consome no Brasil, sendo responsável por 41% da demanda nacional, enquanto a classe C corresponde a 38%", explica.
Para Gustavo Campos, diretor da Focal Pesquisa, responsável por um levantamento sobre o consumo de calçados no País (veja box), os brasileiros que ascenderam à classe C vêm adquirindo melhores marcas do que costumavam comprar, o que, em sua opinião, gerou a sustentação da economia nacional nos últimos anos. No entanto, os gastos com itens do vestuário ainda não são prioridade.
"Junto com pequenos e melhores gastos, existem aqueles permanentes, de longo prazo, como o plano de um smartphone, uma TV por assinatura, eletrodomésticos de maior valor - TV de LED, geladeira - um automóvel novo ou uma casa. Isso retira renda dos consumidores por longo prazo e faz com que sobre menos para os pequenos gastos, de curto prazo", acredita.
Renda
O chefe do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Renato Pianowski, destaca que o gasto de R$ 976,88 anual (R$ 81 mensais) é uma média per capita, ou seja, deve-se levar em consideração as proporções conforme a renda. Segundo ele, os economistas consideram indicado a destinação de 10% do salário mensal para o vestuário.
"Mas as pessoas não compram roupas todo mês, compram nas estações e, quando compram, via de regra, gastam mais do que isso (R$ 81)", pondera. Na opinião do economista, o consumo no Paraná, apontado pela pesquisa, está dentro da média.
Fonte: Folha de Londrina, 05 de maio de 2014.