As perspectivas para a atividade econômica paranaense para os próximos trimestres indicam desaceleração comparativamente ao ano anterior, mas este cenário ainda está condicionado aos resultados que são esperados para a agricultura. A previsão foi divulgada ontem e faz parte do Boletim Regional do Banco Central que traz dados e indicadores econômicos das cinco regiões do País.
O relatório mostrou também que a trajetória recente da economia paranaense refletiu, em grande parte, o menor dinamismo em segmentos importantes da atividade econômica, como indústria, transportes e construção civil. Nesse cenário, o IBCR-PR, que é uma espécie de prévia do Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,4% no trimestre encerrado em fevereiro, em relação ao trimestre finalizado em novembro, quando tinha apresentado crescimento de 0,9%. Considerando o período de 12 meses, o indicador aumentou 5,1% em fevereiro no Estado.
O economista e professor da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Carlos Magno Bittencourt, acredita que o PIB do Estado ao menos se mantenha em relação a 2013. Ele lembrou que, no ano passado, o que puxou o desempenho da economia paranaense foi o setor agrícola e, neste ano, o Paraná também ‘’vai depender do campo’’ e de fatores climáticos. No entanto, ele disse que o Paraná não é uma ilha e o ano de 2014 também deverá ser de ajustes para a região.
‘’Desaceleração não quer dizer variação negativa para o PIB de 2014’’, disse o diretor de pesquisa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Julio Suzuki. No ano passado, o Paraná teve um crescimento do PIB de 5%. No entanto, ele disse que é provável que o PIB do Estado cresça abaixo dos 5% de 2013. ‘’Nenhum estado é uma ilha e é influenciado pelo cenário macroeconômico’’, afirmou. Ele lembrou que o Paraná, em anos anteriores, crescia mais que o Brasil mas, neste ano, a previsão é que ocorra uma aproximação dos resultados do Estado em relação aos do País.
Segundo ele, o resultado do IBCR do Paraná do trimestre encerrado em fevereiro ocorreu em função da agricultura que sofreu com a estiagem e o calor intenso do início do ano. Suzuki disse que, agora, o desempenho da agricultura vai depender da safra de inverno.
O boletim apontou ainda que, entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014, as vendas do comércio cresceram 1,4%, a receita do setor de serviços aumentou 10,2%, mas houve perda de 5,4 mil vagas no Estado e a produção industrial caiu 9,8%.
Brasil
O boletim do BC também traz perspectivas para a economia brasileira neste ano. As previsões são de ritmo da atividade doméstica estável, expansão moderada do crédito e dos ganhos salariais, além de inflação elevada, mas com tendência de recuo. ‘’Tudo que está impulsionando a economia brasileira vai ser moderado (salário, crédito e demanda doméstica). O próprio Banco Central reconhece que este modelo está esgotado e com inflação elevada’’, alertou Suzuki.
Fonte: Folha de Londrina, 09 de maio de 2014.