Muitos profissionais dedicam décadas de trabalho a uma empresa, imaginam que atingiram uma certa estabilidade, mas mais cedo ou mais tarde são surpreendidos com a demissão. Há aqueles que, por motivos variados, como qualidade de vida e salários maiores, sempre estão em busca de mudanças. Em ambos os casos, a idade mais avançada pode inicialmente parecer um problema. Porém, especialistas afirmam que a experiência profissional traz uma série de vantagens, como a desenvoltura para atuar em situações adversas, por exemplo. Competências que são fundamentais no novo rumo na carreira. 

Para a coach empresarial Patricia Atui, da Action Coach, de São Paulo, pesquisas e estatísticas apontam que a vida profissional segue uma linha ascendente e que, por volta dos 40-50 anos, começa a descender. "Poucos profissionais chegam a cargos de diretoria nessa idade, até mesmo pelas poucas posições existentes. Com a idade e tempo de casa, podem acabar sendo substituídos por mão de obra mais barata ou mais nova, que traga um olhar diferente", pontua. Esta situação, entretanto, não deve ser motivo de desespero no caso do "imprevisto" acontecer. "O conhecimento de mercado deve ser usado a favor do profissional, sempre." 

Conforme Patricia, a transição de carreira é quase uma certeza, principalmente no setor privado. E se for o caso de querer tomar novos rumos, mais do que nunca se torna indispensável ter um planejamento. "Com uma reserva financeira, por exemplo, o profissional pode abrir um negócio próprio, adquirir uma franquia ou ainda atuar como consultor. Não precisa atuar especificamente em um setor, mas prestar serviço a vários locais, inclusive para a empresa em que atuava", sugere. A recolocação, segundo a coach, leva em média um ano para ganhar impulso. Por isso, o ideal é que o profissional alie-se a um nome ou marca conhecida. "Assim, terá mais chances de angariar clientes", aconselha. Há ainda possibilidade de seguir carreira na docência. 

PESQUISAS
Pesquisa realizada pela Catho, empresa de recrutamento e seleção, revelou que 50,2% dos profissionais brasileiros entrevistados querem mudar de emprego em 2014. De acordo com o estudo, o principal motivador desta mudança é o desejo por mais qualidade de vida. O segundo maior motivo é o aumento de salário, com 33,7%. Já uma pesquisa da Pactive Consultoria, realizada em 2013 com 1.006 pessoas em 22 estados brasileiros, apontou que 32% dos entrevistados já pensaram algumas vezes em largar tudo e começar uma nova carreira, e 26% já tiveram esse pensamento muitas vezes. De acordo com o levantamento, o que mais motiva os entrevistados profissionalmente é a autorrealização (53%), dinheiro (19%), segurança (19%) e aprendizado (9%). Já o que mais desmotiva é a baixa remuneração (35%), falta de reconhecimento (32%), insegurança (16%) e falta de aprendizado (9%). 

Segundo o Monitor Global de Empreendedorismo (GEM, na sigla em inglês), divulgado no início deste ano pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a fatia de pequenos empresários que montaram o próprio negócio por oportunidade, e não por necessidade, voltou a crescer em 2013 e fechou o ano em 71,3%. O índice aponta para uma inversão em relação a 2002, quando 57,6% montavam empresas por falta de opção. "Mais de 90% das pessoas que abriram uma empresa por oportunidade nos últimos três anos possuem o ensino superior completo", lembra o consultor Rubens Negrão, do Sebrae de Londrina. 

De acordo com ele, a mesma pesquisa apontou que, das pessoas que tinham uma empresa estabelecida, 25% tinham entre 18 e 34 anos; 28% entre 35 e 44 anos e 30% entre 45 e 54 anos. "A faixa etária de jovens empreendedores é grande e crescente, até mesmo pela virtude de novos modelos de negócios que são mais explorados por eles. Mas temos que avaliar a mortalidade dessas empresas. As pessoas experientes possuem um comportamento mais persistente e correm riscos calculados. Obviamente, isso não é uma regra", esclarece, acrescentando que, independentemente da idade, traçar um plano de negócios é vital em qualquer ramo.

Fonte: Folha de Londrina, 12 de maio de 2014.