Liderar uma equipe, seja de qual tamanho for, não é uma tarefa simples, ainda mais quando se trata de uma estreia no cargo de gestor. O coach e especialista em desenvolvimento humano Alexandre Prates afirma que é necessário cuidado redobrado, especialmente no começo. A primeira precaução é tentar identificar o cenário no qual o profissional está pisando. “A primeira gestão é algo que geralmente mexe com as pessoas e faz com que elas se motivem. E essa empolgação em demasia pode ser um problema”, alerta.
Prates explica que não é necessário chegar querendo mostrar muito serviço. “Mudar muita coisa logo de cara, principalmente em empresas que tenham uma cultura mais enraizada, pode não ser visto com bons olhos. Imagine uma organização na qual as coisas são feitas há 10 ou 20 anos do mesmo jeito e você chega impondo um modo de ser. Por mais que você esteja correto, passar por cima dessa cultura seria um perigo.”
Isso não quer dizer que o líder tenha que se omitir ou deixar de expressar opinião. “Só é preciso controlar a empolgação para realmente fazer as coisas no tempo correto. No começo, envolver as pessoas deve ser a primeira grande preocupação”, diz.
Depois, sim, vêm as mudanças de processos. “Se o novo líder inverter a ordem, tendo a ser boicotado. É claro que as pessoas têm expectativas sobre o gestor, de que ele vá organizar a empresa, mas engajar as pessoas é fundamental para que ele conquiste os resultados esperados.”
Segundo ele, o líder mais jovem tem mais dificuldades pela falta de maturidade na função. "A pouca idade o faz cometer erros que um líder com mais experiência de vida não cometeria, mas é normal. O líder sênior de hoje muito provavelmente também errou no passado. Faz parte do processo.”
Uma tendência verificada há um certo tempo é que profissionais da geração Y (nascidos entre 1980 e 2000) lideram pessoas mais velhas, da geração X (nascidos entre 1960 e 1980), o que certamente pode ocasionar conflitos. “Os jovens têm mostrado seu talento e chegado a postos extremamente interessantes. É preciso ter maturidade de ambos os lados, a pessoa mais experiente valorizando a inovação e o jovem, a experiência. Os atritos são inevitáveis, porém, o relacionamento não tem que ser prejudicado por isso. É importante que esse novo líder se planeje e faça as coisas sempre levando em consideração a opinião dos outros. A imposição nessa hora pode ser um problema.”
E quando os confrontos são inevitáveis, o especialista indica conversa franca e direta. “Não deixe nunca a fofoca tomar conta do ambiente. Um feedback imediato e até mesmo uma reunião para acertar as desavenças demonstra maturidade, transparência e deixa as coisas mais claras.”
Prates lembra também que nada resiste a um bom resultado. “O desempenho blinda qualquer profissional, especialmente alguém que está num cargo de liderança. É o maior escudo contra fofoca, picuinha e ajuda a construir uma trajetória de sucesso.”
Fonte: G1, 12 de maio de 2014.