Eles parecem atenciosos e dedicados ao trabalho, mas, na primeira oportunidade, apunhalam pelas costas colegas que confiaram neles. Mentem sistematicamente, arruínam funcionários e até cometem crimes, como fraudes na contabilidade e eliminação de qualquer prova que os condene. Tudo para conseguir o que querem. Não se tratam de profissionais apenas ambiciosos. São o que os especialistas em comportamento chamam de psicopatas corporativos.

Os CEOs, diretores executivos das empresas, estão no topo do ranking da psicopatia, segundo pesquisa da Universidade British Columbia. Entre a população em geral, até 4% são considerados psicopatas. Entre os CEOs e altos executivos, o índice chega a 16%.

"Isso quer dizer que na população mundial, cada um de nós conhecerá pelo menos 15 psicopatas ao longo de sua vida. Imagine quantos deles são os líderes que conhecemos", diz Luiz Fernando Garcia, CEO da Cogni-MGR, empresa especializada na modificação de comportamento de líderes.

Como identificar
"A psicopatia é um traço de personalidade, caracterizado pela ausência de empatia em relação ao outro, sendo a realização dos desejos individuais o objetivo fundamental que mobiliza as ações do psicopata", afirma Rubens Luis Folchini Fernandes, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein.

Segundo o especialista em comportamento de líderes, Luiz Garcia, profissionais com traços de psicopatia se caracterizam pela recusa do "não" como resposta, por não reconhecerem limites e não sentirem culpa pelos seus atos. "Essas características que podem ser equivocadamente privilegiadas pelas organizações que buscam resultados de curto prazo e que têm na rentabilidade o seu maior valor”, diz.

Com ajuda da empresa Cogni-MGR, o G1 listou algumas características para ajudar a identificar os psicopatas no ambiente de trabalho. Confira:

Tem um encanto superficial – O psicopata tem alto poder de sedução e capacidade para manipular as pessoas no início de relacionamentos. "Eles são pessoas, à primeira vista, 'muito normais', de notável capacidade sedutora e convencimento, podendo inicialmente enganar até mesmo os clínicos mais experientes. São essas características que levaram o autor Hervey Cleckley a utilizar o termo 'máscara da sanidade''', segundo o psiquiatra Rubens Fernandes.

Mente sistematicamente – Mentir é uma “ferramenta de trabalho” do psicopata. A mentira alimenta a personalidade egocêntrica dele, que gosta de mostrar que é o melhor, o mais rico, que pode tudo.

Não sente afeto – Ele é indiferente ao sentimento dos que o rodeiam. Tem baixa inteligência emocional. Simplesmente não consegue perceber o que as pessoas à sua volta estão sentindo.

Não tem moral ou ética – Para o psicopata, ética e moral não existem – apenas necessidades e objetivos a serem alcançados.

É impulsivo – A falta de moralidade leva à tomada de decisão sem ponderar pessoas e coisas envolvidas.

É incorrigível – Como não tem moral ou sentimento de culpa, a mente do psicopata não vê motivos para corrigir o seu comportamento.

É um hábil manipulador – Não mede esforços para mudar as aparências e trazer as pessoas para o seu lado nas mais adversas situações.

Não é social – Por ser excessivamente egocêntrico, tem dificuldade de se relacionar com as pessoas. Só faz isso quando há interesse em benefício próprio.

Fonte: G1, 16  de maio de 2014.