A crise econômica está fazendo o consumidor trocar a carne pelo tradicional prato de arroz e feijão. O desemprego elevado e a queda de renda, ao lado dos preços mais acessíveis desses produtos, devido à boa safra, respondem pela elevação da demanda, que neste mês será de 15% a 20%, em relação à prevista para o ano. Até as novas regras do cartão de crédito, que dificultam a rolagem de dívidas, contribuíram para esse cenário. As informações são de Vlamir Brandalizze, da Consulting Brandalizze. Na hora de fazer o balanço entre o dinheiro que está entrando no bolso e os custos do dia a dia, o consumidor encontra o melhor resultado financeiro na dobradinha arroz e feijão, segundo o analista. O consumo médio per capita está girando em 3,5 quilos de arroz neste mês. O de feijão é de 1,5 quilo. O consumo de feijão seria ainda maior se o país tivesse uma oferta mais elástica. A produção nacional deverá ser de 3,5 milhões de toneladas neste ano, mas a demanda chega a 3,8 milhões.
Um dos indícios de que a demanda está boa são os preços dos produtos na lavoura. Mesmo em final de safra, quando aumenta a oferta no mercado, os preços do arroz se mantêm de R$ 37 a R$ 43 por saca nas lavouras. Ainda assim, são inferiores aos do ano passado, quando a saca chegou a bater R$ 60. Já o valor do feijão, dependendo da qualidade, vai de R$ 130 a R$ 180 por saca, um preço também sustentado pela demanda. No ano passado, devido à falta de produto, chegou a R$ 600. No varejo, as indústrias travam uma grande disputa pelos consumidores. Com isso, o valor do pacote de cinco quilos do arroz vai de R$ 9 a R$ 23. "Em 30 anos nesse mercado, nunca vi uma disparidade tão grande nos preços", afirma Brandalizze. Já o feijão custa de R$ 3,50 a R$ 6 o quilo.
Fonte: Folha S.Paulo, 10 de maio de 2017.