Em um terreno localizado no Residencial Orlando Bacarin, em Apucarana (Centro-Norte), várias pessoas do bairro e engenheiros civis se aglomeraram para ver um método construtivo que não é muito difundido no Brasil, mas é adotado em vários países como Estados Unidos, Canadá, Suécia, Japão e Alemanha. Ele permite uma construção muito mais rápida do que uma em alvenaria convencional. 

A técnica utiliza um material denominado woodframe. Consiste na utilização de armações de madeira revestidas por placas de compensados, placas de cimento e gesso. Tudo funciona como um grande jogo de montar. Todas essas camadas de placas são unidas em peças únicas e posteriormente são cortadas de acordo com o projeto. 

Na casa de Apucarana foram utilizadas oito placas para levantar as paredes (4 externas e 4 internas). Com a ajuda de um guindaste e apenas 4 funcionários, as placas foram encaixadas sobre uma laje de radier (que fica em contato direto com o solo, sem a necessidade de alicerces), com 43 m². Posteriormente foi colocada a estrutura do telhado, feita com pinus, com 4 tesouras (estrutura em treliças). E tudo isso foi feito em 2 horas e meia. Em uma construção convencional, provavelmente neste mesmo período os operários ainda estariam descarregando os tijolos e preparando a massa para dar início à construção. 

A laje de radier já estava com os encanamentos todos instalados e foi feita em um dia. A parte elétrica e hidráulica também já havia sido instalada na parte interna das placas, que foram feitas em um barracão em Araucária (Região Metropolitana de Curitiba) em uma semana. O acabamento da obra, com a instalação dos pisos, azulejos, parte elétrica, pias, vaso sanitário e pintura demorariam outros cinco dias para serem feitos. 

Uma das mais curiosas era a dona de casa Simone Sales, de 39 anos, vizinha da obra, que pegou uma câmera fotográfica e passou a registrar tudo o que via. "Acho que uma construção dessas deve sair mais barata; tomara que essa diferença de valor chegue ao bolso dos compradores", analisou. 

Segundo José Márcio Fernandes, diretor da Tecverde, responsável pela fabricação das placas, esse método construtivo permite que a obra fique 10% mais barata que uma casa convencional. Ao todo foram gastos cerca de R$ 28 mil para concluir o imóvel. "Nós já fabricávamos casas de alto padrão e agora adaptamos a técnica para sermos fornecedores de construtoras para o programa minha Minha Casa, Minha Vida (MCMV)", ressaltou. Ele destacou que a empresa dele é a única credenciada a fornecer o woodframe para o programa MCMV. 

O engenheiro civil Diego Antoniassi, da Construtora Cantareira, de Maringá (Noroeste), que acompanhou a obra, disse que a empresa pretende adotar a técnica. "A vantagem é que utiliza muito menos funcionários, que demoram para ser treinados", ressaltou. 

Fonte: Folha de Londrina, 22 de maio de 2014.