A competitividade é uma característica apreciada no mercado de trabalho. Muita gente, no entanto, confunde essa qualidade com ser competitivo com ser competidor. Mas existe uma grande diferença entre os dois termos.
Conforme especialistas, o funcionário competidor é o que pensa em ganhar do outro, vencê-lo, superá-lo a qualquer custo, e que acaba criando um clima de competição dentro da própria equipe, da organização. Já o profissional competitivo é aquele que mantém um bom relacionamento interpessoal, pensa nos outros, é engajado e incentiva, por exemplo, os colegas a darem o melhor de si a cada dia. Portanto, existe uma grande diferença entre os competitivos e os competidores (também chamados de competitivos extremos ou doentios).
Segundo o executivo Marcelo Maulepes, presidente do International Coach Federation (ICF) no Paraná e diretor da consultoria de coaching Relatom, há algum tempo a competitividade deixou de ser vista de forma negativa dentro das empresas. Ele ressalta que os profissionais que conseguem desenvolver a característica da competitividade conseguem alcançar mais rapidamente seus objetivos. Entre estas atitudes estão a tomada de decisões, flexibilidade (saber lidar com as mudanças), inovação (ter novas ideias e criar soluções) e ser diferenciado (colocando em prática suas habilidades).
"Ser competitivo é saudável, é sempre querer buscar o seu melhor. É isso que o mercado de trabalho está procurando. Já o competidor tem características diferentes, quer sempre superar o outro, nem sempre se utilizando da ética", destaca.
Maulepes aponta um exemplo prático que ilustra bem a situação. "A diferença fica bem clara quando se compara um jogo de futebol e uma partida de golfe. No futebol, você joga tendo que superar o adversário para sair vencedor. A vitória só ocorre quando você demonstra que seu time é melhor que o outro. Este é um exemplo do ser competidor. Por outro lado, numa disputa de golfe, a disputa é pessoal, quanto mais preparado, menos tacadas o jogador precisará para vencer. Neste caso, as qualidades individuais sobressaem, e você não precisa derrotar um adversário, quem é responsável pela vitória ou derrota é o próprio golfista, ou seja, sendo mais competitivo, maiores as chances de ganhar a disputa", compara.
Segundo Maulepes, muitas pessoas perdem vagas em grandes empresas e outras oportunidades de emprego por não saberem direcionar suas qualidades. É neste ponto que entram os coachs, por exemplo, profissionais cada vez mais procurados por pessoas que buscam um diferencial na sua capacitação. "É necessário saber identificar seus pontos positivos e negativos e conseguir trabalhar com isso para crescer e atingir resultados. O coaching dá as coordenadas para saber como direcionar essas qualidades", reforçou.
PRODUTIVIDADE
Para José Roberto Marques, presidente do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC), quem possui a competitividade como característica costuma ser mais produtivo. Ele aponta que o profissional acaba desenvolvendo a visão sistêmica, colaborando no bom desempenho de toda uma equipe e no foco, aumentando a produtividade e que isso tudo ajuda no alcance de bons resultados. "Esse tipo de profissional tem o cuidado de trabalhar da melhor forma em equipe, sem querer passar por cima de ninguém, pois entende que faz parte do todo. O seu sucesso está em se superar, em buscar melhorar suas capacidades e em ser, acima de tudo, a melhor pessoa que se pode ser", salientou.
Marques lembra que essas características são perceptíveis dentro de um ambiente de trabalho. Ele também ressalta que uma pessoa competidora, por outro lado, normalmente tem problemas de relacionamento. "O estímulo competitivo é importantíssimo, até para o crescimento da empresa. Todos acabam colaborando e buscando ferramentas para melhorar o seu desempenho e, consequentemente, os resultados positivos vão aparecer. Já no caso dos competidores, o que se observa é que eles buscam vencer pelo simples fato de superar os outros, e isso cria um ambiente ruim e sem harmonia", completou.
Fonte: Folha de Londrina, 02 de junho de 2014.