Bolsa despenca e volta a parar no Brasil; dólar bate R$ 5
Principais moedas emergentes perdem força ante o dólar nesta quinta, sendo o real a segunda mais desvalorizada, atrás apenas do peso mexicano
Pouco tempo depois de a Bolsa brasileira abrir, o mecanismo de circuit breaker – que ajuda a deter perdas maiores dos investidores – foi acionado. O mecanismo é utilizado quando a Bolsa cai 10% e os negócios são interrompidos por 30 minutos. Este já é o terceiro circuit breaker da semana, reflexo da piora da percepção dos danos que serão causados pelo coronavírus sobre a economia global.
Na quarta, com a declaração da OMS (Organização Mundial de Saúde) de pandemia do coronavírus, a Bolsa despencou pela segunda vez na semana. Depois de cair 12% na segunda (9) e subir 7% na terça (10), o Ibovespa recuou 7,63%, a 85 mil pontos, acionando o circuit breaker, quando caiu 10,11% durante o pregão.
Com o novo tombo de hoje, o índice é cotado ao redor de 75 mil pontos – menor patamar desde setembro de 2018, período em que o país vivia a corrida eleitoral que elegeu Jair Bolsonaro presidente. O novo gatilho de queda é a decisão do presidente americano, Donald Trump, de restringir voos entre Europa e Estados Unidos sob o pretexto de limitar a disseminação da doença entre americanos.
A consequência mais imediata da medida é uma nova queda no preço do petróleo, visto que a demanda das companhias aéreas pelo combustível deve cair. O petróleo foi o catalisador das perdas desta semana depois que a tentativa da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de combinar uma redução da produção.
A Rússia, que não integra o bloco, não fechou acordo e, em resposta, a Arábia Saudita afirmou que aumentaria a oferta do combustível e reduziria o preço. Há pouco, o Brent (referência internacional da matéria-prima) caía mais de 6%, cotado a US$ 33,61.
Mas não apenas fatores externos afetam os indicadores brasileiros. Na noite de quarta-feira (11) o Congresso derrubou um veto do presidente Jair Bolsonaro e ampliou o número de famílias atendidas pelo BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a quem está em situação de extrema pobreza.
Nesta quinta, o CDS (Credit Defautl Swap), medida acompanhada pelo mercado financeiro para avaliar a capacidade de um país honrar suas dívidas, salta mais de 40% e supera os 300 pontos. É o maior patamar desde novembro de 2016. No exterior, o CDS do Chile sobe 20%, enquanto o da Turquia salta cerca de 40%. O dólar abriu em alta de 6,52% nesta quinta e chegou a R$ 5,0290 – mas desacelerou e passou a ser cotado ao redor de R$ 4,90. Há pouco, avançava cerca de 4%, rondando os R$ 4,92.
Para conter a moeda, o Banco Central ofereceu US$ 2,5 bilhões das reservas, mas houve demanda para apenas US$ 1,28 bilhão neste começo de pregão. As principais moedas emergentes perdem força ante o dólar nesta quinta, sendo o real a segunda mais desvalorizada, atrás apenas do peso mexicano.
Com informações da Folha de S.Paulo