Homens são escolhidos para cargos relacionados à matemática até quando têm nota mais baixa que mulheres em teste de aptidão, segundo estudo da Universidade Columbia, de Nova York, publicado na revista Procedimentos da Academia Nacional de Ciências (PNAS), dos Estados Unidos. Em um experimento que simulou testes e seleção de vagas para um cargo relacionado à ciência e à matemática, homens tiveram o dobro de chances de serem contratados que mulheres, mesmo quando elas tinham ido melhor no teste.
Em entrevista ao site da universidade, o principal autor do estudo, Ernesto Reuben, da Escola de Negócios de Columbia, afirmou que a maioria das pesquisas que tentam entender os motivos pelos quais as mulheres são minorias no mercado de trabalho das áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática focam mais na descoberta dos interesses e escolhas das mulheres. "Nossos experimentos mostram que outro culpado desse fenômeno é que os gerentes responsáveis pelas contratações têm um nível extraordinário de preconceito de gênero quando tomam decisões para preencher vagas, muitas vezes escolhendo o candidato masculino menos qualificado em detrimento de uma mulher com qualificação superior", disse ele na entrevista.
O experimento feito com outros dois pesquisadores reuniu, em um grupo, 150 homens e mulheres no papel de candidatos a uma vaga de emprego. No outro grupo foram reunidos 200 homens e mulheres que fizeram o papel de gerentes responsáveis por uma contratação.
O primeiro grupo teve que passar por um teste: acertar o maior número de somas entre quatro números de dois dígitos dentro de um intervalo de quatro minutos. A tarefa foi escolhida porque, segundo estudos anteriores, homens e mulheres têm desempenho similar nesse tipo de cálculo aritmético.
Em alguns casos durante o experimento, os candidatos puderam falar o resultado do seu teste para os gerentes. Em outros, isso não foi revelado.
O grupo de 200 supostos gerentes deveria decidir que candidato ou candidata contratariam. Eles também passaram por um teste comportamental que indicou até que ponto eles consideravam os estereótipos sobre o desempenho de homens e mulheres em ciência e matemática.
Quando os gerentes não tinham nenhuma informação além do gênero do candidato, os candidatos homens tiveram o dobro de chance de conseguir o emprego do que as candidatas mulheres. Segundo os pesquisadores, isso aconteceu porque eles acreditavam –incorretamente, considerando o resultado dos testes– que homens são mais talentosos que mulheres em ciência e matemática.
Segundo Reuben, até 90% das vezes em que ocorreu erro, ou seja, em que o gerente escolheu, sem saber, o candidato com pior resultado no teste, "esse erro foi cometido em favor de um homem".
O experimento mostrou ainda que, mesmo quando os gerentes tinham acesso aos resultados do teste de soma dos candidatos, ainda assim as mulheres que tiveram nota mais alta que concorrentes homens continuaram tendo metade das chances dos homens de serem contratadas. "Se você está contratando alguém que foi pior no teste, a maior chance é de que você está contratando o candidato menos qualificado", explicou Reuben.
Fonte: G1, 27 de junho de 2014.