Durante a trajetória de qualquer profissional, é comum haver um episódio de demissão. Entre os principais motivos alegados pelos empregadores estão renovação do quadro de funcionários, tempo de "casa", corte de despesas e custos, baixo desempenho e, até mesmo, comportamento inadequado. Quando a conduta é considerada muito grave, a demissão pode ser por justa causa e, assim, o empregador fica livre de pagar remunerações previstas em lei. Contudo, uma demissão, por mais tranquila que seja, dificilmente é recebida de forma amena pelo funcionário. É normal que um sentimento de vitimização venha à tona. 

Segundo Madalena Feliciano, diretora de projetos da empresa Outliers Careers, de São Paulo, a maioria absoluta dos profissionais não está pronta para uma demissão e recebe a notícia com um certo "choque". "Passado o susto inicial, é hora de aceitar o ocorrido e aprender com a situação. Tentar analisar os motivos pelo qual foi demitido e transformá-los em seu benefício é a saída. A partir de então, procurar um novo emprego e uma nova oportunidade de recomeçar", aconselha. 

Entender e aceitar o que aconteceu, para ela, é fundamental para continuar a trajetória, sobretudo em entrevistas de emprego e seleções com recrutadores. Porém, conforme a especialista, falar mal dos antigos empregadores é uma péssima ideia e pode gerar prejuízos para a imagem do candidato. "É comum ouvirmos coisas do tipo: ‘Puxaram meu tapete’; ‘Não estavam me pagando direito’; ‘A empresa não era grande coisa’. Frases assim só demonstram a insegurança da pessoa e como ela pode falar as mesmas coisas da empresa em que está pleiteando uma vaga", alerta Madalena. 

Mas como o candidato deve se comportar em uma entrevista caso seja indagado sobre sua demissão? A especialista orienta que mentir não é o caminho, muito menos colocar a empresa anterior numa posição negativa. Frases como: ‘Eles estavam atrás de um perfil diferente do meu’ ou ‘Houve uma restruturação na empresa’, são melhor vistas. O recrutador sabe quando o candidato está sendo sincero." 

Caso o candidato tenha pedido desligamento, Madalena aconselha que o profissional conte o motivo de maneira verdadeira também. "Diga que ‘Os princípios e valores da empresa não eram compatíveis com os meus’, ‘Busco melhoria de salário’, ‘Preciso de novos desafios na carreira’, ‘Lá eu não possuía possibilidade de crescimento’. Declarações assim são perfeitamente aceitas e não são ofensivas. Mostra maturidade e discernimento. E, mais uma vez: se for mentira, o recrutador vai descobrir", alerta a especialista. 

No caso mais grave, como uma justa causa, vai ser difícil contornar a situação em benefício do candidato. Mas, para Madalena Feliciano, dependendo do caso, é possível ter uma segunda chance. "Uma justa causa sempre diminui as chances de contratação. No entanto, se o candidato demonstrar que foi um episódio isolado, que se arrependeu do que aconteceu, que foi um momento de instabilidade, o recrutador poderá levar em consideração."

Fonte: Folha de Londrina, 30 de junho de 2014.