Pesquisa da Febraban/Ipespe mostra que as mulheres se mostram mais insatisfeitas que os homens com a profissão atual

Por Valor Investe — Rio

 

No pós-pandemia, a maioria dos brasileiros continua preferindo os modelos de trabalhos remoto e híbrido. Os desejos de parte dos trabalhadores no curto prazo também envolvem a mudança de emprego. O descontentamento com o atual trabalho é maior entre os moradores do Norte e do Nordeste, segundo a 14ª edição da pesquisa Observatório Febraban.

A pesquisa realizada entre os dias 1º e 7 de julho com 3 mil pessoas nas cinco regiões do País mostra que 44% dos respondentes preferem a rotina de trabalho presencial frente a 56% que defendem modelos com uma maior flexibilidade quanto ao deslocamento até a empresa. Nessa parcela, a maioria (60%) manteria o tipo de modelo remoto, um quarto (24%) migraria para o híbrido e somente 17% optariam pelo presencial.

O desejo dos trabalhadores contrasta com o movimento entre a maior parte das empresas que estão retomando as rotinas 100% presenciais desde o ano passado.

Conforme a pesquisa, cerca de oito em cada dez brasileiros (77%) se dizem satisfeitos com a profissão atual. As mulheres se mostram mais insatisfeitas que os homens, o que pode estar associado à desigualdade salarial, segundo o levantamento.

A elevada satisfação seria a razão para que quase seis em cada dez brasileiros declarem não ter planos de mudar de profissão no horizonte de 12 meses. Por outro lado, no grupo que quer mudar, 32% moram na Região Sudeste. No Norte (40%) e no Nordeste (39%) estão os profissionais mais propensos a tal mudança. Somado aos cenários do Centro-Oeste (33%); e do Sul (22%), a média geral dos brasileiros com esse planejamento é de 33%.

Quando perguntados sobre quais são as profissões de maior prestígio, a pesquisa identificou as carreiras de médico, engenheiro, veterinário, cientista e administrador de empresas e desenvolvedor de software, todas com mais de 80% das respostas.

A pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) para a Febraban mapeou, ainda, o entendimento destes trabalhadores sobre o futuro do trabalho.

Perguntados sobre as profissões do futuro, os entrevistados listam em primeira mão atividades “tradicionais”, como médicos e professores, indicando uma visão sobre a manutenção de sua importância para o país e a sociedade, a despeito de um horizonte de mudanças no mercado de trabalho. Profissões da área da Tecnologia da Informação (TI) ou ligadas a redes sociais não são elencadas entre as mais importantes no futuro.

Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe, observa que o aumento da digitalização poderá gerar grande rotatividade de profissionais, o que coloca governos, empresas e trabalhadores de frente ao desafio de se qualificar para diminuir as lacunas entre habilidades atuais e necessidades futuras do mercado de trabalho. Esse comportamento proativo é importante para quem afirma não ter planos de mudar de profissão, avalia o sociólogo e cientista político.

O último Relatório do Fórum Econômico Mundial sobre o futuro do trabalho estima que ao menos 83 milhões de postos de trabalho sejam eliminados e outros 69 milhões seriam criados nos próximos cinco anos em 45 países analisados.

 

VALOR INVESTE

https://valorinveste.globo.com/objetivo/empreenda-se/noticia/2023/07/25/metade-dos-brasileiros-quer-trabalho-hibrido-e-33percent-planejam-mudar-de-emprego.ghtml