Os homens são mais ousados nas abordagens para a busca de emprego do que as mulheres? No mercado corporativo, a resposta é sim. Diversas pesquisas já apontaram o que um estudo realizado no último mês de dezembro pela PageGroup – empresa líder mundial de recrutamento especializado – também confirmou. A pesquisa analisou o comportamento padrão de profissionais de 18 a 35 anos no momento de procurar uma posição no mercado de trabalho. 

O resultado apontou, entre outras coisas, que 31% dos homens afirmaram já ter abordado um headhunter (caça talentos) pelas redes sociais, mesmo sem conhecê-lo ou sem ter tido nenhum tipo de contato prévio, enquanto 29% das mulheres fizeram o mesmo. Além disso, os homens utilizam mais sua rede de contatos na busca por uma oportunidade profissional do que as mulheres (56% a 51%). As consultorias de recrutamento também são opções costumeiras deles, enquanto elas preferem os sites de emprego. É uma diferença ínfima, certamente, mas que indica uma tendência de comportamento já notada por recrutadores e técnicos em treinamento de gestão, os coachs. 

Guilherme Piazzetta, especialista em Executive Coach e coordenador dos MBAs de Liderança da Estação Business School, afirma que diversos estudos realizados nos Estados Unidos explicam a linha de modelo mental e a ação comportamental de homens e mulheres no mercado de trabalho. "A mulher, de uma forma geral, está mais direcionada a se preocupar com componentes que valorizem o amor, a comunicação, a beleza e os relacionamentos. Ela mede o grau de satisfação pelos sentimentos que tem e os relacionamentos que gera. Já o homem valoriza o poder, a competência e a realização", esclarece. 

Nesse sentido, aponta Piazzetta, o homem foca mais a realização em coisas e objetos, e o que lhe fornece isso é o poder profissional. Daí a tendência dele ser mais agressivo na procura por um emprego do que a mulher. "Quando você calcula o risco pessoal de ser mais agressivo ou não na busca de um emprego, para o homem pesa mais, porque ele tem a necessidade de satisfazer a relação de coisas que ele quer ter", explica. 

A gerente de consultoria Patrícia Tourinho, da Michael Page, observa que os homens ainda são maioria nos cargos de alta gestão do que as mulheres, o que em tese facilita um comportamento mais ousado por parte deles no momento de galgar novas posições no mercado de trabalho. "As mulheres tendem a buscar inicialmente os sites e redes sociais onde primeiro consigam um conjunto de informações para depois se movimentar no sentido de buscar a vaga", salienta. Ela pondera que, embora o volume de homens que entram em contato direto com os headhunters seja maior, há um aumento significativo de mulheres buscando ferramentas que as permitam competir em igualdade. "Independentemente do gênero, quando o contato ou a abordagem já aconteceu uma vez, a pessoa que busca a vaga entende que não é agressivo estreitar essa relação. Entendo que é mais uma questão de aculturamento do que de resistência", ratifica a especialista. Em relação ao uso das redes sociais, Patrícia Tourinho diz que é uma maneira de desenvolver o relacionamento profissional de forma tranquila. Portanto, não há o que temer. "Utilizando sua rede social, como Linkedin, por exemplo, que é um site de relacionamento voltado para contatos profissionais, você cria vínculos e não fala só da profissão especificamente, mas dos seus medos, das suas experiências. É uma ferramenta extremamente válida", orienta. 
Fonte: Folha de Londrina, 14 de julho de 2014.