Em tempos de inflação acumulada acima da meta e
consumidores mais preocupados (a expectativa
quanto à alta de preços passou de 7,2% em maio para
7,4% em junho, de acordo com medição da FGV),
consultores financeiros sugerem estratégias para
driblar a carestia.
Um dos principais problemas é que a inflação tende a
matar as referências de preço, diz Nuno Fouto, da FIA (Fundação Instituto de
Administração). "Mas é preciso tentar mantê-las e substituir os itens mais
caros. Tentar fazer uma substituição com produtos que eventualmente não
tenham subido tanto."
Uma das principais recomendações é elaborar um orçamento detalhado,
incluindo os itens comprados em supermercados, porque a partir dele é que se
podem planejar as ações mais práticas. A primeira providência, ao sair para
abastecer a casa, é fazer uma lista, o que torna a compra mais objetiva e evita
gastos desnecessários, seja na quantidade, seja na escolha dos produtos.
Outra recomendação é pesquisar, verificando em quais supermercados as
marcas que costuma usar estão mais baratas. Mas não vale a pena fazer
muitas viagens, pois o custo com combustível ou transporte pode anular a
vantagem de achar um produto mais barato.
Se o preço de algum item tiver subido muito, o consumidor pode
experimentar trocar por outra marca, desde que a qualidade do produto se
mantenha. A dona de casa Rosângela Bosolani da Silva, 45, adota boa parte
dessas táticas.
"Faço compras mensais e busco aproveitar promoções semanais em
supermercados. Também compro marcas mais baratas, mas não é todo
produto que compensa"
, diz.
Outra medida que pode ser adotada é buscar as redes atacadistas, que
costumam ter produtos mais em conta. "É uma boa opção fazer estoque de
itens não perecíveis em promoção. Observe a data de validade", diz Álvaro Modernell, diretor da Mais Ativos Educação Financeira.
Se não quiser estoque alto, dá para aproveitar esses preços fazendo grupos
com amigos para comprar grandes quantidades, complementa. Ter dinheiro
para pagar um produto à vista aumenta o poder de barganha do consumidor,
afirma a planejadora financeira Annalisa Dal Zotto. "Um desconto de 10% em
um cenário de inflação na casa dos 6% é vantajoso", diz.
Por esse motivo, o orçamento que é base do planejamento deve incluir uma
quantia a ser poupada. Em casa, o consumidor pode reduzir o consumo de
energia e água. Além de aliviar o orçamento doméstico, a medida também
proporciona benefícios ambientais.
Além disso, em tempos de juros altos, só se deve tomar empréstimo se não
houver alternativa.
Fonte: Folha S.Paulo, 14 de julho de 2014.