O número de empregos formais registrados no Paraná cresceu 2,89% em 2013 sobre 2012 e ficou abaixo da média nacional, de 3,14%, puxado principalmente pelas retrações nos setores de administração pública e de construção civil, segundo a segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Divulgada ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a lista aponta que os dois setores foram responsáveis pela perda de mais de 15 mil postos de trabalho no Estado, o que derrubou o resultado de crescimento para 87.719 empregos no ano. 

O destaque positivo foi o aumento de 4,79% na indústria da transformação no Estado, acima da média nacional de 1,77%. O motivo principal foi o bom momento vivido pelo agronegócio, que impacta na indústria de alimentos, e pelo segmento automobilístico no ano passado, segundo economistas ouvidos pela FOLHA. 

Serviços, com alta de 4,76%, comércio, com 3,66% e agropecuária, com 1,60%, tiveram resultado no Paraná acima da média nacional, de 3,46%, 3,09% e 1,05%, respectivamente. No entanto, houve perdas de 2,82% na construção civil, de 2,37% em serviços industriais de utilidade pública (Siup) e de 2,07% em administração pública, enquanto o País registrou altas de 2,12%, 5,06% e 4,51%, na mesma comparação. 

Conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon) do Paraná e especialista em mercado de trabalho, Cid Cordeiro afirma que a construção civil teve perdas em 2013 de 5,81% (-3.791 vagas) em obras de moradias e de baixa de 13,40% (-5.786) em infraestrutura, ante 2012. Serviços especializados de construção completam o indicador, com alta de 5.305 vagas. "Desde 2011 vivemos um período de menor ciclo de investimentos em infraestrutura no Estado, que impacta na construção civil." 

Ele afirma ainda que os postos de trabalho em Siup são ligados ao setor elétrico. "Isso se deve pelos desligamentos na Copel, que reduziu o quadro em 821 funcionários, porque houve redefinição do governo de terceirizar alguns setores", diz. Sobre a queda na administração pública, porém, ele conta que não é possível apontar com precisão os motivos para a redução, já que a mudança pode ter sido nos quadros federal, estadual ou municipal. "Posso apenas supor que se trata de readequações em prefeituras, comuns ao início de um mandato", cita. 

Para o economista Francisco Castro, do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), no entanto, há limites, como o de número de habitantes, que impedem seguidas altas. "Quando um estado vem de anos de grande crescimento, não vai conseguir crescer tanto de novo porque boa parte da população já foi empregada", conta. Castro lembra que 2013 foi um bom ano no Estado, para a indústria e para o agronegócio, o que teve impacto no comércio e nos serviços, além de ter bom número de contratações no interior devido à situação de pleno emprego vivida na capital. 

Para 2014
Castro não vê chance de o Estado ter números negativos neste ano, mas acredita em redução no estoque de vagas frente 2013. "É o ano em que vamos perceber claramente uma redução, principalmente na indústria e na construção civil, que já vem em desaceleração." 

Cid Cordeiro considera que a dinâmica do emprego caiu consideravelmente em todo o País e vê o Paraná ligado ao cenário nacional. "O emprego é um indicador muito próximo ao do crescimento econômico e minha leitura é que o Estado não está, e nunca esteve, desligado dessa tendência." 

Fonte: Folha de Londrina, 19 de agosto de 2014.