Transportar passageiros no trecho entre Paiçandu e Ibiporã, passando por Maringá e Londrina, é o objetivo do Trem Pé-Vermelho, projeto realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina (USFC) para o Ministério dos Transportes. Com custo total estimado em R$ 700 milhões, envolve 152,6 quilômetros de trilhos, servindo a 13 cidades que concentram juntas 1,8 milhão de pessoas.
O trem faz parte do Programa de Resgate do Transporte Ferroviário de Passageiros, do governo federal, e deveria ter sido submetido à audiência pública em junho do ano passado, em Apucarana. Mas o Ministério dos Transportes desmarcou o evento de último hora e até agora não o reagendou. Em todo o País, são 14 projetos do tipo que estão sendo analisados e o do Pé-Vermelho é um dos mais adiantados.
Inicialmente, o estudo previa a ferrovia entre Maringá e Londrina. Mas prefeituras e entidades da região pediram ao Laboratório de Transporte e Logística Lab Trans, da UFSC, responsável pelo estudo de viabilidade, a inclusão do município de Paiçandu, na região metropolitana de Maringá, e de Ibiporã, na de Londrina. A proposta é que a composição saia de Paiçandu, passe por Maringá, Sarandi, Marialva, Mandaguari, Jandaia do Sul, Cambira, Apucarana, Arapongas, Rolândia, Cambé, Londrina e Ibiporã.
Contrariando a estimativa inicial, o estudo concluiu que não será possível aproveitar os trilhos hoje existentes no trecho. O engenheiro de transporte, professor da UFSC e coordenador do estudo, Rodolfo Nicolezzi Philippi, explica que o programa do governo federal prevê o tráfego mútuo de cargas e passageiros, desde que um não prejudique o outro. O Lab Trans contou 13 pares de trens de carga diários operando entre Londrina e Maringá. "A via dá mostras de capacidade esgotada no segmento Londrina – Apucarana", afirma.
A viagem entre as duas cidades pela linha concedida hoje à ALL Logística demorou nove horas. Por isso, decidiu-se pela construção de uma nova ferrovia, que deve ficar a poucos metros à direita da atual (sentido Londrina-Maringá). "Finalmente, existe uma política de transporte ferroviário dentro do Ministério dos Transportes. O governo está fazendo esse trabalho com seriedade", ressalta.
O geógrafo e professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Fábio César Alves da Cunha Cunha considera que "qualquer região que deseja se desenvolver necessita de um sistema ferroviário de passageiros". Ele lembra que Londrina e Maringá já tiveram esse meio de transporte e ressalta que é o é mais rápido, seguro e barato.
Fonte: Folha de Londrina, 18 de setembro de2014.